*Esse texto foi plagiado em 2018. Apaguei na força do ódio, mas é com afeto que o publico mais uma vez.
New York City é gelada até quando é quente. Ninguém tem tempo pra escada rolante e esperar o sinal fechar é coisa de maluco. Aquela velha fofa que entrou no metrô (e ficou em pé) vai te xingar se você a oferecer um lugar. Não olhe pro cara de cabelo rosa! Não olhe! Não olhe pra ninguém! Não sorria, não fale–– mas grite, se quiser. Por que tem alguém conversando no metrô? A pintura viva do capitalismo é o silêncio pela manhã. Me pergunto se aquele sujeito não sabe que seu fone vaza som. Dá licença! O Nova Iorquino não pede desculpa. Excuse-me. E anda rápido! Corra, mesmo que tenha minutos de sobra. Não respira-se fundo em Manhattan. A pergunta do coletivo é “tem alguma coisa fedendo?” e paira sobre o ar de qualquer estação (de trem e do ano). Ufa! Achei café brasileiro no Starbucks! Uma merda. Eu não sabia como viveria todos os dias desse jeito. Havia uma maneira: chorar. Não alivia. Choro de imigrante não traduz nada. Aí o que (ninguém sabe onde) mora o problema. Quando fingi que cansei de reparar, pra fingir que acostumei, notei: New York City é quente até quando é fria. Ninguém tem tempo pra escada rolante, mas se você tiver; há um artista pra assistir. Esperar o sinal fechar é mesmo coisa de maluco, mas se você espera… conhece um indiano (falo com ele todos os dias). A velha fofa me xingou, mas dia desses uma outra–– nada de fofa tinha, me disse que eu era especial. Assim, do nada! You’re special, she said. Hoje, eu olharia pro menino de cabelo rosa e só de sacanagem, sorriria. Faço silêncio no metrô pela manhã, porque meu barulho é burguês e não entende nada. Como Yankee não sabe o que é café, não compro na rua. Bebo um cigarro. Outro dia, conheci uma francesa viajante do mundo e amante do Brasil. Disse que conheceu Goiânia, e eu perdi bons minutos exigindo satisfações. Passei da estação e tive que pegar outro trem pra voltar; na linha amarela eu sou a pessoa com o fone que vaza Jonas Brothers. De certa forma, ando rápido, corro e chego antes. Tá de bom tamanho pra quem cresceu na Barra da Tijuca. Levo tombo todo inverno. Fiz review ruim da bota. Comprei outra, escorreguei de novo. This vagabond shoes… Aí fiz review ruim da minha genética. Minha mãe pediu que eu me acalmasse. Assim, descobri que respira-se fundo–– no Central Park. Chique. A resposta pra pergunta coletiva, quase sempre, é uma pessoa. O que fede é a tristeza. Em Nova York, convive-se brutalmente com cheiro da falta de responsabilidade do Estado. Aprendo na marra, que a felicidade não está fora, mas dentro. De uma garrafa de matte leão. Uma hora a malemolência carioca vai se misturar com a dureza de New York. Eu espero.
escrito 4 de abril de 2016.